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Sindrome de fim do ano: por que nos sentimos melancólicos em dezembro?

Eu tenho um grupo de amigos com quem me encontro de vez em quando para nossas confraternizações de aniversários.  É sempre uma delícia estarmos juntos.  Mas quando chega o fim do ano, sempre antecipamos o encontro para não embolar com as muitas confraternizações que costumam acontecer em dezembro.  Então, novembro costuma ser o último encontro do ano.


Na hora de fazer a lista do que cada um vai levar, já me lancei na frente: “Eu levo o panetone!”  E ai, alguém disse: “Nem me fale em panetone!!  Os supermercados já exibem pilhas deles nas entradas com aquelas musiquinhas natalinas de fundo. Insuportável!!!” Foi o suficiente para todos expressarem seus desafetos com o estresse de fim do ano.


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Você também já se sentiu mais pra baixo, ansioso ou estressado com a chegada de dezembro?  Pois então, você não está sozinho(a).  Muitas pessoas relatam experimentar um conjunto de sentimentos e comportamentos negativos durante o período de transição entre o fim de um ano e o início do próximo.  Tanto, que foi popularmente chamado de “Síndrome do fim de ano”.


E isso existe?

Vamos deixar claro que esta NÃO é uma denominação clínica formalmente reconhecida em manuais diagnósticos.  Mas também não é frescura! Apesar de não ser uma “síndrome” no sentido clínico da palavra, é uma experiência real e comum que afeta muita gente.


Na literatura a gente vai encontrar estudos sobre o impacto psicológico das festas de fim de ano, estresse relacionado a feriados, a ansiedade social nas reuniões familiares, o aumento de sintomas depressivos ou o manejo do luto durante as festas de fim de ano, por exemplo.  Eles nos ajudam a entender os sentimentos que estão presentes naqueles contextos.


Como se manifesta?

Entre os sentimentos envolvidos, a ansiedade aparece encabeçando a lista.  Há muita pressão social, expectativas familiares, compras e festas de confraternizações, além daquele balanço pessoal e profissional, e as resoluções de Ano Novo.  Isto somado as reflexões sobre o que não foi alcançado durante o ano, sobre as perdas significativas, sensação de solidão e inadequação, emenda tristeza e melancolia àquela ansiedade.


E claro! Não poderia faltar o estresse que vem puxando a correria dos preparativos, os gastos financeiros e uma sobrecarga de atividades.  Como uma fileira de dominós, uma peça vai derrubando a outra. Parece inevitável!  Pressão de um lado, frustração de outro, cansaço que vai gerando irritabilidade.  E assim, o espírito natalino vai se esvaindo entre os dedos.  Quando a gente vai dar conta, está deprimido em meio as festas natalinas.


Os Gatilhos

Quem nunca olhou para a lista de metas que fez no início do ano e pensou: ‘E agora?’  O fim do ano é um período natural de introspecção, onde fazemos um balanço das nossas metas, conquistas e fracassos. Ele nos convida a uma autoavaliação, e nem sempre ela é gentil. Pode ser muito dolorosa se as expectativas não foram atingidas.


E as malditas redes sociais que bombam com a ‘família perfeita’ e o ‘natal dos sonhos’, criando uma imagem idealizada de felicidade nesta época do ano?  Quando a nossa realidade é outra, essa comparação pode ser um veneno!


Para aquelas pessoas que perderam entes queridos ou que se sentem sozinhas, o período de festas pode ser um gatilho doloroso e intensificar a dor e a sensação de vazio, já que a ênfase cultura está na reunião familiar. É fundamental validar essa dor, sem a pressão de ‘estar feliz’.


Sem falar no cansaço acumulado. Após um ano de trabalho e responsabilidades, o cansaço acumulado pode nos desorganizar emocionalmente, diminuindo nossa resiliência.


Então, se você se sente mais cansado que o normal, com dificuldade para dormir, uma tristeza que não passa ou um nervosismo sem motivo aparente, pode ser o ‘dezembro’ agindo.  É importante lembrar que algumas pessoas são mais suscetíveis que outras.  Se você já tem um histórico de ansiedade ou depressão, ou está passando por um momento difícil, o fim do ano pode ser um amplificador.


Estratégias e dicas práticas


  • Permita-se sentir! Não precisa estar feliz o tempo todo. É normal não estar 100% sempre.  Validar a tristeza é o primeiro passo para processá-la.

  • Revise suas expectativas! O realismo é libertador.  Será que precisamos da festa perfeita ou do presente mais caro? Às vezes, o bom, o suficiente já é mais que excelente.

  • Cuide do seu corpo. Uma boa alimentação, sono adequado e um pouco de movimento fazem milagres! Como psicóloga, sei o quanto a base fisiológica impacta diretamente nossa saúde mental.

  • Conecte-se com quem te faz bem, e não tenha medo de se desconectar de quem te faz mal.  Não é sobre ter muitos amigos, mas sobre ter pessoas que te nutrem. E, às vezes, é sobre se afastar de quem te drena.

  • Experimente focar no que você tem, não no que te falta. Seja grato! Um pequeno exercício diário de gratidão pode ajudar a mudar o foco.


Agora, se a tristeza, ansiedade ou melancolia se tornarem persistentes, afetarem seu dia a dia e sua capacidade de funcionar, é hora de procurar um profissional.  Não espere! Um psicólogo pode oferecer as ferramentas para navegar por esse período de forma mais saudável. Sua saúde mental é prioridade!


Que este fim de ano seja um convite para você olhar para si com mais carinho, validando seus sentimentos.  Lembre-se que um dos melhore presentes que você pode dar a si mesma é sua saúde mental.


Agora, eu vou aproveitar que os supermercados estão entupidos de panetones e vou comprar o meu para a confraternização com os amigos.


Gostou de refletir sobre isso? Compartilhe suas experiências nos comentários ou explore mais conteúdos sobre bem-estar emocional aqui no meu site.

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Tel: (61) 98436-5240

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